Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida.
Como outra coisa qualquer,
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso,
Como este ribeiro manso
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida.
Como outra coisa qualquer,
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso,
Como este ribeiro manso em serenos sobressaltos,
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam,
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento,
Bichinho alacre e sedento,
De focinho pontiagudo
Que fossa através de tudo
Num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor é pincel,
Lare, fuste, capitel,
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista,
Mapa do mundo distante,
Rosa-dos-ventos,
Infante,
Caravela quinhentista,
Que é Cabo da Boa Esperança,
Ouro, canela, marfim,
Florete de espadachim,
Bastidor, passo de dança,
Colombino e Arlequim,
Passarola voadora,
Pára-raios, locomotiva,
Barco de proa festiva.
Alto-forno, geradora,
Cisão do átomo, radar,
Ultra-som, televisão,
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha.
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança.
A amizade torna os fardos mais leves
porque os divide pelo meio.
A amizade intensifica as alegrias,
elevando ao quadrado, na matemática do coração.
A amizade esvazia o sofrimento
porque a simples lembrança do amigo
acalma com jeito de talco na ferida.
A amizade ameniza as tarefas difíceis
porque a gente não as realiza sozinho:
são dois cérebros pensando e quatro braços agindo.
A amizade diminui distâncias.
Embora longe, o amigo é alguém perto de nós.
A amizade enseja confidências redentoras;
problema partilhado, percalço amaciado,
felicidade repartida, ventura acrescida.
A amizade coloca música e
poesia na banalidade do cotidiano.
A amizade é a doce canção da vida
e a poesia da eternidade.
O amigo é a outra metade da gente; o lado claro e melhor.
Sempre que encontramos um amigo,
encontramos um pouco mais de nós mesmos.
O amigo revê, desvenda, conforta.
É uma porta sempre aberta em qualquer situação.
O amigo, na hora certa, é sol ao meio-dia,
estrela na escuridão.
O amigo é bússola e rota no oceano,
porto seguro na tribulação.
O amigo é o milagre do calor humano
que Deus opera num coração.
(Autor desconhecido)