Pesquisar

 

Arquivos

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Arquivos Recentes

O TEMPO

DIA DA MÃE

ACORDE PARA VENCER!

...

A MACIEIRA ENCANTADA

A VIDA É SIMPLES...

CAVALO A GALOPE

ESTRATÉGIAS

AMIGO NÃO TEM DEFEITOS

BOM FIM DE SEMANA!

Quarta-feira, 21 de Dezembro de 2005

...

Quando o "belo feminino" se torna um pesadelo e uma obrigação


A beleza é, em sua própria essência, algo muito relativo. Prova disto, é que os padrões de beleza modificaram-se no decorrer da história da humanidade. Dentro deste contexto, a mulher continua sendo o alvo mais visado da "estética" corporal dominante em nossa sociedade.


A maior propagação dos "modelos de beleza" ocorre através dos grandes meios de comunicação social, os quais reforçam os ditames do consumismo capitalista, construindo um padrão de "beleza" dado como obrigatório.


A corrida desenfreada para as academias de ginástica e para a medicina estética, o uso de produtos dietéticos para emagrecer, a anorexia e a bulimia, revelam uma espécie de "ditadura da beleza" à qual a maioria das mulheres se condiciona em busca de um corpo "perfeito".


Antes considerada um atributo da natureza, a beleza passou a ser encarada como uma questão de "conquista" e, nesta lógica, é necessário investir muito dinheiro a fim de se alcançar a aprovação da sociedade. A beleza, ou melhor, a feiúra, acabou gerando um lucrativo mercado no mundo capitalista. Com muita propriedade, a escritora americana Noemi Volf afirma, em seu livro O mito da beleza, que "a beleza é um sistema monetário assim como o ouro. É o último e o melhor sistema de crenças que mantém a dominação masculina intacta. Assim, o capitalismo usa as mulheres 'bonitas' como isca para venda dos seus produtos, lucrando com a discriminação das consideradas 'feias' que buscam o maior número de produtos possíveis para compensarem a sua 'feiúra'."


A figura da mulher é exposta e explorada como um "objecto". Os grandes meios de comunicação social vêm desempenhando um papel decisivo, através de revistas, jornais, comerciais, novelas e programas em geral, contribuindo, desta maneira, com a afirmação de um padrão de "beleza". Um exemplo a ser considerado, são os programas de televisão, principalmente os humorísticos, onde as mulheres são apresentadas, em sua grande maioria, como figuras bonitas e atraentes, porém, imbecis, desprovidas de ideias e vontades. Constantemente, em contraste a esta figura, encontra-se uma mulher feia. Esta, por sua vez é apresentada como uma pessoa chata e desinteressante, embora, algumas vezes dotada de certa inteligência. Estes estereótipos reforçam a ideia de que são os "dotes físicos" de uma mulher que realmente importam.


A discriminação do corpo da mulher também ocorre, de uma forma específica, através da maioria dos concursos de beleza, onde somente as mulheres jovens e que se enquadram nos padrões estéticos impostos, podem participar. Com este intuito, estas mulheres são avaliadas por meros critérios físicos.


Analogicamente pode-se comparar os concursos de beleza com as mostras de gado, onde os animais desfilam na frente dos jurados e juradas que adoptam critérios para a avaliação física destes, como por exemplo, o tamanho e a textura dos pernis, das paletas, a postura e desenvolvimento do animal e, no caso das vacas, seus úberes.


Lamentavelmente, este exemplo evidencia a forte discriminação da mulher como ser humano, ditada pelo mundo masculino e, muitas vezes, aceita pelas próprias mulheres. A ideologia de "beleza física" acaba gerando uma inversão de valores, nos quais a busca por um corpo perfeito, é considerada um sinónimo de aceitação social, geralmente confundida com a felicidade.


Embora as mulheres, ao longo de muitos anos, com muita luta e persistência, tenham conquistado direitos e se afirmado em vários espaços da sociedade, lementávelmente, ainda é "normal" continuarmos sendo vistas e consideradas pelos contornos físicos de nossos corpos, o que evidencia um empobrecimento da capacidade de olhar o ser humano. Como afirma Rita Kehl, "a maior beleza está no corpo livre, desinibido em seu jeito de ser, gracioso porque todo ser vivo é gracioso quando não vive oprimido e com medo. É a livre expressão de nossos humores, desejos e odores; é o fim da culpa e do medo que sentimos pela nossa sensualidade natural; é a conquista do direito e da coragem a uma vida afectiva mais satisfatória; é a liberdade, a ternura e a autoconfiança que nos tornarão belas. É essa a beleza fundamental."



Revista Espaço Académico/a Página da Educação

publicado por mcapote às 12:59
link do post | comentar | favorito
blogs SAPO

subscrever feeds